Por: Júlia Brito
Nos últimos anos o número de procedimentos estéticos, como harmonização facial, aplicação de toxina botulínica, entre outros têm crescido. Segundo um levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo. Somente em 2018, foram realizados 1 milhão e meio de procedimentos por aqui – 87,4% deles em mulheres.
O problema não é se submeter a um desses procedimentos, eles não são intrinsecamente ruins. Algumas dessas intervenções são reparadoras, até necessárias. Mesmo os que são feitos puramente por questões estéticas são benéficas, já que ajudam na auto estima. A grande questão é onde esses procedimentos estão sendo realizados. E por quem.
Alguns são ocorrem com pessoas que não tem a menor qualificação para realizar procedimentos mais simples, muito menos um que pode acarretar graves riscos para os pacientes.
Os riscos são tantos que a Sociedade Brasileira de Dermatologia do Paraná (SBD-PR) chegou a se pronunciar, fazendo um alerta para que as pessoas que desejam fazer procedimentos faciais procurem acompanhamento médico.
“O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia têm incentivado que seus membros façam campanhas de conscientização à população sobre os riscos de se fazer esses procedimentos inadvertidamente, sem se atentar para os critérios. Há várias ações em andamento na Justiça para tentar barrar os profissionais que não são habilitados a fazer esses procedimentos, passíveis de muitas complicações”, destacou a presidente da SBD-PR, Paula Xavier Schiavon.
Riscos
Seja qual for o motivo que leva alguém a realizar qualquer procedimento facial com pessoas sem nenhuma qualificação médica, é preciso pesar bem os pontos positivos e negativos. A imperícia na hora da realização de um preenchimento facial ou aplicação de botox etc. causam consequências à saúde e estética dos pacientes.
Reações alérgicas, irritações na pele e até necrose e deformidade são consequências bem reais. “Cada substância tem seus riscos e complicações específicos. O ácido hialurônico é o mais utilizado. É biodegradável, sendo absorvido pelo organismo. Mas também em relação a ele existem várias complicações, apesar de ser biocompatível. Há risco de alergia a um dos componentes da fórmula, formação tardia de nódulos, inchaço na região aplicada, oclusão arterial, provocada quando o gel é injetado inadvertidamente em vaso sanguíneo (injeção intravascular), causando seu entupimento e posterior necrose. Esta é a complicação mais aguda, temida e vista nos relatos que observamos na internet e TV”, acrescenta a presidente da SBD do Paraná, Paula Schiavon.
É certo que toda intervenção traz a possibilidade de alguns riscos, mas esses riscos são triplicados quando não são realizados corretamente, por profissionais qualificados e com produtos e equipamentos adequados.
Mais certo ainda é que ninguém quer sequelas de operações ou cirurgias, muito menos quando elas podem ser evitadas com uma simples consulta.